Para entender porque se
pode afirmar que a origem do tango é africana tem que ter
em consideração a historia, documentos e claro a audição que é a prova mais
clara para admitir qualquer argumentação.
Se se escutam estilos
como a Milonga se pode verificar claramente , pelas sincopas e pelo ritmo que
não existe antecedente ou influencia musical de este gênero na música européia.
As evidencias permitem
identificar que existem pelo menos dois subgêneros do Tango que são de origem
negro é este nosso assunto de hoje.
A origem Negra do Tango.
Os ritmos que fazem parte do Tango.
Falando estritamente dos ritmos
internos do tango, se pode enumerar 1) a
milonga (habanera e a milonga surenha ); 2)o tango candombe; 3) o tango propriamente dito; 4) a valsa (mais
intimista e mais rápida) e 5) o estilo Piazzolla.
É importante sublinhar que estes subgêneros do tango também
se refletem na dança.
A milonga.
Falando sobre os subgêneros do
Tango, se pode citar como exemplo de um
ritmo de Milonga habanera a gravação de “La Trampera” (Anibal Troilo, interpretada pelo duo Troilo e Grela) e também
a milonga “Milonga Sentimental” ( Sebastian Piana e Homero Manzi) e para ouvir
esta última numa interpretação mais atual, a temos com o guitarrista Luis Salinas. O caráter do ritmo é alegre,
swingado e febril.
Milonga alem de ser o nome do
ritmo do qual se esta falando é o nome que se dá as reuniões onde se dança tango,
até hoje as pessoas falam: “vamos hoje numa milonga? “ , por exemplo.
Pelo estilo do ritmo e pelo
caráter libidinoso da dança durante muitos anos foram proibidas as milongas em
Buenos Aires, estas se alocavam nos bairros de San Telmo e Balvanera, até teve
um Bispo que chegou a proibir as reuniões dançantes e até chegou ao cumulo de
permitir apenas a dança entre pessoas do mesmo sexo mais a medida não pegou e o
tango acabou se afirmando.
O Tango Candombe.
O
Candombe é um ritmo afro que foi muito desenvolvido as margens do Rio de la
Plata, em Buenos Aires e, sobretudo em
Montevidéu (Uruguai). Existem alguns tangos com ritmos de Candombe da primeira
época do Tango e outros mais atuais que lembram o passado.
Da primeira época, podemos citar o tango –candombe “Con la música en el alma” de Francisco Canaro do filme
Candombe de 1951 ou composições como ‘Siga el baile” interpretadas por
Alberto Castillo . Das versões mais
atuais deste estilo podemos citar a do músico uruguaio Ruben Rada e seu “Candombe
para Gardel”, este estilo é na realidade ritmicamente o Candombe, só que esta
colocado em outro contexto.
Existe um filme chamado “el
hombre de la esquina rosada” de Manuel Mugica de 1962 onde se podem escutar
tangos – candombes muito
característicos.
A historia.
A população negra em Buenos
Aires, em principio do século XIX era de 50 % do total das pessoas que
habitavam a cidade. O tango começou ligado a instrumentos básicos de percussão;
no final do século XIX se transformou e reuniu o clarinete, a flauta, o violão,
harpa até incorporar o bandoneon, que
hoje é o instrumento símbolo do estilo (se existe interesse em se aprofundar neste tema, podemos citar
fontes como “Buenos Aires,negros y tango” de Oscar Natale, e um
artigo muito bom, que me foi indicado por Pata Corbani ,um especialista no
tema, intitulado “ Los afroargentinos y el origen del tango”, de Ricardo
Rodrigues Molas).
Na
época que o Tango começa a se fazer mais
visível , princípios do século XX, existiam em Buenos Aires muitos compositores
e instrumentistas negros, isto ocorria
porque os negros tem uma tendência
natural com a música, e também porque a música lhes permitia a
possibilidade de um oficio para sobreviver. Os músicos negros o mais famoso foi
Anselmo Rosendo Mendizábal que foi um pianista
e compositor popular e também Carlos Posadas foi outro violinista, pianista,
violonista conhecido na época.
Como aconteceu com o jazz e a
música cubana, podemos dizer que o Tango nasceu nos subúrbios, nos prostíbulos
e na marginalidade. Só depois todos os ritmos concernentes ao tango seriam
valorizados pela elite e se popularizariam para o resto da população local e
mundial.
Tango Negro
Não podemos deixar de lembrar a um dos militantes mais importantes músicos que defenderam a teses de que o Tango é negro, Juan Carlos Caceres que incluiu no repertorio de seus show muitas milongas e tangos candombes, ele disseminou esta bandeira pelo mundo inteiro, inclusive foi rodado agora um documentário justamente chamado de Tango Negro , as raízes negras do tango pelo cineasta angolano Dom Pedro onde se menciona ao Caceres e toda esta retomada da raiz negra do tango.
Lembramos também ao pianista afro descendente Horacio Salgán compositor de tangos de vanguarda como " a fuego lento" e renomados cantores como Raúl Lavie e Miguel Montero entre muitos outros.
Para finalizar queria também me referir ao meu grupo de
música Tango Negro residente no Rio de
Janeiro onde misturo ritmos brasileiros como o Afoxê com a milonga e onde toco
música brasileira ( choro) em ritmos de Tango e tangos em ritmos como Frevo ,
marcha e até Samba canção.
O tango não é só uma lembrança, é história e paixão.
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