JOHN COLTRANE (VIDA E OBRA).
A 50 anos
da sua morte, o que significou a existência de John Coltrane?
John Coltrane foi um vulcão sonoro, seu ímpeto
para tocar o saxofone o tornou um músico diferente, um músico livre,
emocional, espiritual e ousado.
Nascido em
23 de setembro de 1926, num condado batizado com o nome shakespeariano de
“Hamlet”, em Carolina do Norte, John Coltrane esteve sempre cercado de
música. Seu pai era pastor batista, e embora tenha morrido quando ele era
muito novo, o influenciou muito no inicio da sua vida.
Seguramente o convívio com o
clima de êxtases e transcendência dos cantos dos corais negros gospel, os spirituals das igrejas e o blues do sul
imprimiram nele um sentido de elevação, de transe que ele expressou em suas
composições e na sua interpretação.
Depois de uma primeira época,
aos poucos as suas influências musicais se deslocaram para os gostos de Lester
Young e Johnny Hodges, levando-o a mudar do clarinete para o saxofone
alto. Ele continuou sua educação musical na Filadélfia, no Granoff Studios
e na Ornstein School of Music até ser chamado para o serviço militar, durante a
Segunda Guerra Mundial, onde ele se apresentou na Banda da Marinha dos EUA, no
Havaí.
Após a guerra, Coltrane começou
a tocar saxofone de tenor com o Eddie "Clean Head" Vinson Band, e depois foi citado dizendo:
"Uma área mais ampla de escuta se abriu para mim”.
Antes de
ingressar na banda Dizzy Gillespie, Coltrane tocou com Jimmy Heath, onde sua
paixão pela experimentação começou a tomar forma.
Tocou com Charlie Parker e com
Dizzy incorporando os conceitos de improvisos do BE BOP. Por
essa época, faz parte do quinteto de Miles, mas pelo seu envolvimento
com drogas Miles rompe com ele. Nesse momento Coltrane é acolhido por Thelonius
Monk que o convida a mergulhar fundo no universo harmônico da música. Volta com
Miles, no disco Kind of Blue, que o levaria à sua própria evolução musical. "A
música de Miles me deu muita liberdade", disse ele uma vez.
Em 1960, Coltrane formou seu
próprio quarteto, que incluiu o pianista McCoy Tyner, o baterista Elvin Jones e
o baixista Jimmy Garrison; eventualmente, adicionando outros músicos como Eric
Dolphy e Pharoah Sanders.
O John Coltrane Quartet criou
alguns dos projetos mais inovadores e expressivos da história do jazz,
incluindo os álbuns de sucesso como: "My Favorite Things",
"Africa Brass", "Impressions", "Giant Steps", o
lindíssimo disco “Ballads”, e seu monumental trabalho "A Love
Supreme", que afirma seu lado espiritual.
Sua obra em colaboração rendeu
experiências frutíferas: sua versão de “In a
sentimental mood” no disco Duke Ellington & John Coltrane é de uma beleza indiscutível;
seu encontro com Monk marcou uma parceria eternizada em vários discos.
Seu lado pessoal.
Coltrane sentiu que todos nós
devemos fazer um esforço consciente para efetuar mudanças positivas no mundo e
que sua música era um instrumento para ajudar as pessoas nesta direção.
Esta
sua postura, junto com seu lado espiritual seguramente inspirou a que se criasse
até um culto em seu nome - a Igreja Ortodoxa Africana
Santo John Coltrane (Saint John Coltrane African Orthodox Church); ela fica em
Los Angeles e tem 43 anos de existência, o santo é John Coltrane e as
missas são celebradas nos domingos pelo período da tarde com música ao vivo de
qualidade e rituais cristãos tradicionais.
Sua inspiração.
Coltrane ouvia Stravinsky , Parker, música da Índia, da África , música
latina, música minimalista e flautas japonesas. Todas essas influencias, aos
poucos o levaram a desenvolver também um lado mais livre da música; seus
últimos discos confirmam seu lado free jazz.
Sua dedicação.
Coltrane vivia
tocando. Tocava no hotel, no trem. Ele aquecia o sax, antes de subir para tocar,
com tanto ênfases que subia no palco transpirando. Terminava o show e, no
camarim, ele continuava tocando, lembrando de alguma passagem que queria
aprofundar. Toda essa dedicação e entrega produzia uma intimidade com o som e
com a música evidente na hora da performance.
Sua obra.
Nas
suas composições, estou falando de: Impressions, Afro blues, Equinox ou Blue
Trane, notamos uma melodia simples que provoca o improvisador, e em Giant Steps
uma base harmônica que resulta um histórico desafio para todos os músicos. De
toda sua obra autoral podemos considerar Naima e Lonnie's
Lament como algumas das suas melodias mais
inspiradas.
Seu fim e
seu legado.
Sua historia foi interrompida
aos 41 anos de idade,em 1967. Uma doença no fígado levou a vida de
Coltrane. No entanto, décadas após sua partida, sua música pode ser ouvida
em todos os clubes de jazz do mundo e seu som continuara sendo uma referência
para todos os músicos que se atraem pelo saxofone e pela improvisação.
Seu
legado hoje continua como trilha sonora no cinema, como é o caso da música
Alabama, no filme Malcom X; em homenagens, como é o caso do disco “Dear John C”,
que Elvin John dedicou a ele, ou nas gravações que Joe Lovano ou Conrand Erwing
lhe dedicaram, Sua figura hoje continua presente também na trajetória de Ravi
Coltrane, segundo filho de John e de sua esposa, a pianista Alice
Coltrane.
Coda.
Documentário
Filme de animação
Aqui alguns flyers das minhas
homenagens
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