domingo, 2 de julho de 2017

JOHN COLTRANE (VIDA E OBRA).


JOHN COLTRANE (VIDA E OBRA).

A 50 anos da sua morte, o que significou a existência de John Coltrane?

 John Coltrane foi um vulcão sonoro, seu ímpeto para tocar o saxofone o tornou um músico  diferente, um músico livre,  emocional, espiritual e ousado.
Nascido em 23 de setembro de 1926, num condado batizado com o nome shakespeariano de “Hamlet”, em Carolina do Norte, John Coltrane esteve sempre cercado de música. Seu pai era pastor batista, e embora tenha morrido quando ele era muito novo, o influenciou muito no inicio da sua vida.
                Seguramente o convívio com o clima de êxtases e transcendência dos cantos dos corais negros gospel, os spirituals das igrejas e o blues do sul imprimiram nele um sentido de elevação, de transe que ele expressou em suas composições e na sua interpretação.
                Depois de uma primeira época, aos poucos as suas influências musicais se deslocaram para os gostos de Lester Young e Johnny Hodges, levando-o a mudar do clarinete para o saxofone alto. Ele continuou sua educação musical na Filadélfia, no Granoff Studios e na Ornstein School of Music até ser chamado para o serviço militar, durante a Segunda Guerra Mundial, onde ele se apresentou na Banda da Marinha dos EUA, no Havaí.
                Após a guerra, Coltrane começou a tocar saxofone de tenor com o Eddie "Clean Head" Vinson Band, e depois foi citado dizendo: "Uma área mais ampla de escuta se abriu para mim”.
Antes de ingressar na banda Dizzy Gillespie, Coltrane tocou com Jimmy Heath, onde sua paixão pela experimentação começou a tomar forma. 
                Tocou com Charlie Parker e com Dizzy incorporando os conceitos de improvisos do BE BOP.  Por essa época, faz parte do quinteto de Miles, mas pelo seu envolvimento com drogas Miles rompe com ele. Nesse momento Coltrane é acolhido por Thelonius Monk que o convida a mergulhar fundo no universo harmônico da música. Volta com Miles, no disco Kind of Blue, que o levaria à sua própria evolução musical. "A música de Miles me deu muita liberdade", disse ele uma vez. 

                Em 1960, Coltrane formou seu próprio quarteto, que incluiu o pianista McCoy Tyner, o baterista Elvin Jones e o baixista Jimmy Garrison; eventualmente, adicionando outros músicos como Eric Dolphy e Pharoah Sanders. 
                O John Coltrane Quartet criou alguns dos projetos mais inovadores e expressivos da história do jazz, incluindo os álbuns de sucesso como: "My Favorite Things", "Africa Brass", "Impressions", "Giant Steps", o lindíssimo disco “Ballads”, e seu monumental trabalho "A Love Supreme", que afirma seu lado espiritual.
                Sua obra em colaboração rendeu experiências frutíferas: sua versão de “In a sentimental mood” no disco Duke Ellington & John Coltrane é de uma beleza indiscutível; seu encontro com Monk  marcou uma parceria eternizada em vários discos.

Seu lado pessoal.

                Coltrane sentiu que todos nós devemos fazer um esforço consciente para efetuar mudanças positivas no mundo e que sua música era um instrumento para ajudar as pessoas nesta direção.
                Esta sua postura, junto com seu lado espiritual  seguramente inspirou a que se criasse até um culto em seu nome - a  Igreja Ortodoxa Africana Santo John Coltrane (Saint John Coltrane African Orthodox Church); ela fica em Los Angeles e tem 43 anos de existência, o santo é John Coltrane e as missas são celebradas nos domingos pelo período da tarde com música ao vivo de qualidade e rituais cristãos tradicionais.


Sua inspiração.
               
                Coltrane ouvia Stravinsky , Parker, música da Índia, da África , música latina, música minimalista e flautas japonesas. Todas essas influencias, aos poucos o levaram a desenvolver também um lado mais livre da música;  seus últimos discos confirmam seu lado free jazz.

Sua dedicação.

                Coltrane vivia tocando. Tocava no hotel, no trem. Ele aquecia o sax, antes de subir para tocar, com tanto ênfases que subia no palco transpirando. Terminava o show e, no camarim, ele continuava tocando, lembrando de alguma passagem que queria aprofundar. Toda essa dedicação e entrega produzia uma intimidade com o som e com a música evidente na hora da performance.

Sua obra.
                Nas suas composições, estou falando de: Impressions, Afro blues, Equinox ou Blue Trane, notamos uma melodia simples que provoca o improvisador, e em Giant Steps uma base harmônica que resulta um histórico desafio para todos os músicos. De toda sua obra autoral podemos considerar Naima e Lonnie's Lament como algumas das suas melodias mais inspiradas.

Seu fim e seu legado.

                Sua historia foi interrompida aos 41 anos de idade,em 1967. Uma doença no fígado levou a vida de Coltrane. No entanto, décadas após sua partida, sua música pode ser ouvida em todos os clubes de jazz do mundo e seu som continuara sendo uma referência para todos os músicos que se atraem pelo saxofone e pela improvisação.
                Seu legado hoje continua como trilha sonora no cinema, como é o caso da música Alabama, no filme Malcom X; em homenagens, como é o caso do disco “Dear John C”, que Elvin John dedicou a ele, ou nas gravações que Joe Lovano ou Conrand Erwing lhe dedicaram, Sua figura hoje continua presente também na trajetória de Ravi Coltrane, segundo filho de John e de sua esposa, a pianista Alice Coltrane.

Coda.
Documentário
Filme de animação
Aqui alguns flyers das minhas homenagens

 






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