quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Ramos Torres Zayas un maestro de la cultura afro cubana.


 


Esta estrevista al gran estudioso de la cultura Abakuá Ramon Torres Zayas. Este reportaje es un intento de divulgar su obra y mostrar para el mundo un poco de las culturas afro cubanas y de todo ese tesoro que existe en la influencia del mundo africano en la Isla.


1)       Conocemos tu respeto y admiración por la obra de Fernando Ortiz, Lydia Cabrera y  por Serafín “Tato” Quiñones, que puedes decirle a una persona que se inicia en los

estudios de la cultura negra cubana sobre la importancia de estos autores?

Fernado Ortiz es considerado el Tercer Descubridor de Cuba (después de Colón tras su llegada a la Isla en 1492, Alejandro de Humbolt por su descripción de la fauna), pues Ortiz, se adentra en los estudios sociológicos y, aunque con un pensamiento inicial positivista, reconoció posteriormente el aporte de las culturas africanas a la conformación nacional del cubano. Lydia Cabrera, cuñada y discípula de Ortiz tuvo una formación muy ilustrada y su primer acercamiento a la africanidad la expresó en Francia con sus “Cuentos negros de Cuba”, pero no se quedó allí, sino que continuó profundizando sobre la heredad yoruba, conga o carabalí, que la llevaron a redactar sendos volúmenes. Considero que el mérito de Lydia está en la forma: en ella uno puede conversar, sentir, escuchar cómo los africanos. Su método etnográfico no tiene paralelo. Lydia abrió las puertas al discurso de los testimoniantes de una manera sutil y comprensible que le da siempre total veracidad al discurso. El caso de Tato nos lleva por la voz de los protagonistas: Tato es un iniciado abakuá y sacerdote de Ifá, que como portador cultural nos lleva por nuevos senderos dándole, repetimos, Voz a los practicantes.

2)       Cada grupo o religión afro cubana tiene su cosmogonía, su liturgia, sus rituales, su música, su danza, sus cantos y sus instrumentos que me puedes decir de esa riqueza como fuente de inspiración, de mitos, de belleza y de musicalidad?

Hablar sobre esto requiriera de un tratado para cada grupo específico que se introdujo en Cuba de manera forzosa a través de la trata negrera, o venida sobre todo hacia la región oriental luego de la revolución haitiana con las oleadas francesas que escapaban de la “justicia de los negros”. Pero no cabe duda de que África está en cuba a través de sus mitos, leyendas, cantos, danzas, música, psicología. Los ritmos músico-danzarios como el son, la rumba, la timba, el chachachá, el mozambique, el casino o el mambo están cargados de esa impronta africana. En África todo es musical, porque no está separada de su cotidianidad como sucede en occidente: filosofía, música, poesía, danza, todo viene en un mismo paquete. Sus leyendas y mitos son poéticos; su hablar, melódico; su andar, rítmico. Todo ello tiene musicalidad, belleza, sentido, que ha inspirado a muchísimos creadores del arte para elaborar sus obras: en la música: Ignacio Piñeiro, Amadeo Roldán, Caturla, Formell; en la plástica: Lam, Diago, Mendive, Choco, Belkys Ayón; en la danza: Celeste Mendoza, Chano Pozo, Santos; en la poesía de Guillén, el Ambia, Sinesio Verdecia, Ediel González…


3)       Cuál es tu descripción del mito de la princesa Sikán?

El mito de Sikán no es otra cosa que la repetición andoncéntrica que evidencia el despojo de un poder femenino. La mujer, mitad de la humanidad y madre de la humanidad toda, ha estado durante milenios desplazada por el poder patriarcal. Se sabe de que hubo una etapa (en todas las sociedades) cuando las mujeres detentaban un poder: de ahí el término: Madre natura, Alma Mater, los hijos se reconocían por vía materna, pues ellas son las que paren. Sikán representa esa etapa que es arrebatada por la irrupción masculina. Se trata de una lucha de poderes convertido en mito, que se posiciona y legitima más tarde la exclusión femenina según la interpretación de los diferentes grupos o ramas abakuá: efí, efó u orú, pero en todas queda clara la imposición de normas masculinas que se alejan del culto originario: la adoración a la Gran Madre o Madre Universal.

4)       Cuéntanos cuáles son tus obras literarias dedicadas a todo este tema y cuáles son los próximos temas en los que estás interesado en profundizar?

He publicado en periódicos y revistas nacionales y extranjeros, además de los libros: Relación barrio-juego abakuá en la ciudad de La Habana (ed. Fuente Viva, 2010), La Sociedad Abakuá y el estigma de la criminalidad (ed. Cubanas, 2011 y 2015, en coautoría con Odalys Pérez), Abakuá: los hijos de ekpe (compilador, 2015), Abakuá, (de)codificación de un símbolo (Aurelia ediciones 2015, 2018 y 2019), Abakuá, del mito al imaginario (ed. Abril, 2019)

En proceso de impresión se encuentra la novela Seseribó: divino tesoro, mientras que Aurelia Ediciones prepara el ensayo Herbolario: la magia de las plantas.

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

O MITO DA PRINCESA ZIKÁN.

 

O MITO E OS GRUPOS RELIGIOSOS AFRO-CUBANOS.

O mito é uma historia remota, uma fabula ancestral que representa um acontecimento expressado  de forma poética e romanesca. Com o correr dos tempos são agregadas cenas ou símbolos a uma historia originaria. A questão por trás da fabula é o que no mito o verdadeiro se mistura com o ilusório. O caráter didático do mito é algo evidente, ele algo nos quer ensinar.

Assim o mito do homem que sonha com um tesouro escondido em Bagdá nas mil e uma noites  ou os cantos das sereias que conta o grego dão vida a uma alegoria e a uma quimera. 

O mito da princesa Zikán esta inserido num mundo que precisamos conhecer para entrar na questão do mito, o mundo a que nos referimos é o das religiões afro-cubanas.

No texto “A lenda Ñañiga em Cuba” Enrique Soares Rodriguez diz que dos Bantús chegou a Regla de Palo Monte, dos Yorubás a Santeria e de grupos multi étnicos do Calabar o Abakuá, podemos  agregar também que de Benin (antigo reino de Dahoney) nos chegam os Ararás e os Vodous estes últimos fazendo uma ponte com Haiti .

Cada religião tem um mito sobre a origem do mundo, cada uma cultua diferentes divindades, cada uma delas tem sua música, seus instrumentos, sua dança, seus rituais e cerimônias; em fim toda uma liturgia, um conjunto de elementos (rezas, objetos, roupas, cores, gestos e palavras) onde encontramos a existência de todo um universo que envolve a estas manifestações do sagrado.

 O Abakuá é uma destas religiões e no seu mundo tem rituais, grafismos, figuras dramáticas, músicas e claro toda uma mitologia. Os Abakuá não tem um mito de criação do universo, mas tem no mito da princesa Zikán uma mostra metafórica de como se inicia o culto do Som do tambor sagrado (Ekué).

A PRINCESA ZIKÁN.

Zikán era uma princesa Efor, é ela que se depara com o símbolo do mistério, ela de alguma forma é “ a recolhedora do liquido vital” (como diz o estudioso Ramon Torres Zayas), ela conhece –sem querer- o grande segredo e de alguma forma esse contato a eterniza ao mesmo tempo em que a condena.

Seu lugar como fêmea na historia é o de gerir, de fazer nascer e de mostrar o grande mistério para os homens que ao se tornarem conhecedores do símbolo do poder inauguram uma nova era.

A imagem deste lugar de um feminino sagrado relacionado com a fertilidade e com a água também aparece em outras culturas, a figura da princesa Zikán se assemelha com a imagem de uma peça de barro de Iemanjá de Benin (antigo reino de Dahoney).

Zikán parece também com a imagem de umas pescadoras nos quadros da artista russa Natalia Goncharova e na mitologia do Irã na imagem da mulher carregando o jarro.

Podemos encontrar certa similitude também com outras deidades da tradição Yorubá, no Candomblé do Brasil, por exemplo, a Orixá Oxum é a rainha da água doce e rege a fecundidade.

Zikán é em algum sentido o lugar do feminino como imagem poética da mulher colhendo água no rio.  Zikán mostra a beleza do cotidiano de trabalho e ao mesmo tempo ela é a grande mãe, a que faz nascer o novo ao estar presente no mito inaugural e escutar o segredo (Uyo). A partir do qual a sociedade Ekpe dos Efor detém o segredo.

Ao conhecer o segredo Zikán é sacrificada e colocam sua própria pele para reproduzir o som do pez no tambor sagrado (Ekué) que representa a voz do espírito, que é ao mesmo tempo a voz do leopardo sagrado, que é a voz dos segredos do sobre natural.



O MITO EM SI MESMO.

Existem muitas versões do mito, vamos tentar conhecer algumas das suas possibilidades.

O fato de não poder localizar a historia em um tempo determinado parece nos dizer que é uma historia de todos os tempos.  Situamos-nos na África, em Calabar, o rio Odánn separava ao povo Efor e Efik. O poder mágico era disputado entre todas as tribos. Abasí, o Deus supremo, tinha escolhido o povo Efor para revelar o Segredo. Clarividentes escutaram o anuncio que Abasí se revelaria num pez. O encontro entre o pez e os Efor aconteceu de uma forma inesperada.

O sacerdote Nasakó adverte ao Mokuire (rei dos Efor) que quem descobrir o segredo terá que ser sacrificado.  Mokuire soube que o pez está em mãos de um mortal, vê a sua filha sair do rio e se desespera.

A princesa Zikán era filha de Mokuire, ela como o fazia cada manhã foi ao rio a buscar água num grande jarro que carregava sobre sua cabeça. Substituía um jarro  que tinha deixado num canto no dia anterior na vera do rio Oddán e o trocava por outro vazio.

A bela Zikán quando transportava a água de volta para casa sentiu um rugido e deixou cair o recipiente. Ao cair a cabaça no chão ela percebe que o rugido que ela tinha ouvido saiu de um pez que tinha se introduzido na sua vasilha, seu pai assiste o episodio. Sem querer Zikán deu morte ao pez chamado Tanze que estava no jarro, o Tanze que tinha emitido a voz de Abasí (a deidade suprema) portador do grande mistério.

Na versão publicada por Jorge Castellanos e Isabel Castellanos: “La Sociedad Secreta Abakuá. Los Ñañigos”  Zikán tenta fugir, mas uma serpente amarra sua perna, no momento em que aparece o espírito benéfico, o Íreme Eribangandó para a libertar. Ramon Torres Ayas nos esclarece que essa serpente é um símbolo de um sinal emitido por Nasakó para que o segredo não seja divulgado aos Efir.

Em outra versão do mito ela escuta o som e chega a mostrar Tanze para seu pai Mokuire e este - que também escutou o som- pediu para ela calar o ocorrido e levou a noticia ao sacerdote Nasakó. O sacerdote cuidou por um tempo de Tanze e o povo Efor começa a viver momentos de fecundidade e de gloria.

O pez fora do seu habitat morreu e o som acabou, Nasakó precisaria reproduzir esse som por médio de um tambor de fricção.

Em outra versão (lembrada pelo estudioso Tato Quiñones) Zikán confiou a narração ao seu marido Mokongo filho do rei dos Efik.

Os Efik assistindo o momento de gloria dos Efor e sabendo por Mokongo (marido de Zikán) que eles conheciam o mistério quiseram também conhecer o segredo; primeiro com ameaças, depois pelo uso de extorsões até que depois de muito tempo conseguiram conhecer o segredo dos Efor.

Longe de isto criar uma disputa prolongada o segredo foi compartilhado pelos dois povos o que resultou na união das duas tribos os Efik e os Efor.

Voltando ao que aconteceu com a princesa, Zikán foi condenada a morte e sacrificada ritualmente.

Aqui nos deteremos para olhar com mais atenção estes os fatos e levantamos três caminhos:

Se o sacrifício resulta aparentemente como uma forma de compensar ao Deus Abasí por ter deixado morrer acidentalmente ao Tanze então seria castigada por algo que ela fez de forma involuntária, o que seria uma injustiça.


 Ficariam duas possibilidades: se a princesa Zikán foi sacrificada como foi anunciado pelo sacerdote Nasakó apenas pela sina ou se ela foi castigada por ter cometido sacrilégio ao revelar o segredo.

No caso da primeira hipótese existe um ditado que levanta a questão de que o contato com o divino ao mesmo tempo em que inspira ao homem também o destrói.

Vemos isso dito na poesia e na literatura quando, por exemplo, Julio Cortazar no conto “O perseguidor” descreve a um Charlie Parker genial e consumido pelo seu próprio talento.

A segunda hipótese (a de pensar que ela foi sacrificada por ter contado ao seu marido o segredo) é algo sem saída porque ela não poderia se calar frente ao seu conjugue embora essa revelação fosse paga com sua própria existência.

Sobre a morte de Zikán temos que entender esse sacrifício de uma forma diferente que entenderíamos um caso assim no nosso tempo.

A pele de Zikán -por ela ser a primeira ouvinte- seria empregada para construir o primeiro tambor sagrado, mas a pele dela não consegue ser usada para cobrir o tambor e reproduzir o som, então se recorre a várias outras peles até chegar à pele do bode.

Esta parte do mito parece indicar que a morte de Zikán não ocorreu na realidade e que esta cena reproduz o sacrifício do bode como uma forma simbólica de oferecer a Abasí uma oferenda para compensar a morte do Tanze.

No ato da morte de Zikán seu sangue é levado para ser  misturado com o Tanze no intuito de renascer o pez e seu corpo é em parte usado para fazer o tambor, outra parte é enterrada e depois com suas cinzas são realizadas inscrições rituais , suas entranhas foram usadas para alimentar um espécie de recipiente onde se guardavam elementos referentes à magia e seu crânio foi guardado pelo sacerdote no seu espaço ritual.

INTERPRETAÇÃO FINAL.

A alegoria do mito parece indicar a busca do homem pelo som que pudesse evocar ou revelar o conhecimento, o mistério, a sorte, a gloria que finalmente une as tribos e instaura a paz entre a humanidade.

Zikán é uma deusa evocada na figura do bode e sua matéria misturada com a de Tanze ajudam a construir o tambor sagrado que produz o poderoso som.

Muitas interpretações se orientam entendendo o mito como o passo do matriarcado para o patriarcado , outros como a fabula da fêmea que ao conhecer o mistério morre  para que os homens possam impor um mundo masculino sem interferência feminina.

Preferimos caminhar pelos caminhos do poético interpretando o mito como uma mensagem de paz entre os povos a partir do som e da musicalidade.

A fêmea aqui seria a personagem que estaria predeterminada ao sacrifício por ter gerado o conhecimento do sagrado e o som aqui seria a busca pelo mágico que encontramos na beleza da Arte.

 

 

 

 

 

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