sexta-feira, 17 de maio de 2019

Apreciação musical.



Apreciação musical.


Além de ser um instrumentista, compor e produzir; desenvolvo palestras sobre diversos temas ligados com a música, um deles é a apreciação musical.
Em estes casos o propósito é desenvolver a escuta musical, formar ouvintes. Entendo que uma pessoa pode não chegar a ser um músico, mas pode ampliar sua capacidade em contemplar uma música, e isso faz que ela cresça no sentido sensível da vida e da arte.
Isso não é só saudável apenas para o amador, para um músico também estas indicações são proveitosas no sentido que se ele quer desenvolver uma maturidade musical não tem que só treinar, mas também ganhar uma compreensão maior e o ato de escutar música oferece essa perspectiva. Assim como um escritor tem que ler e conhecer bem literatura; um músico é, antes de tudo, um ouvinte atento.

         
                                           
 

Chegou à minhas mãos um texto com reflexões sobre apreciação musical do compositor russo Aaron Copland: “Como ouvir e entender música”. No primeiro capítulo ele descreve três momentos que podem ajudar aos ouvintes.
No momento da escuta ele diferencia o plano sensorial, o plano expressivo e o plano meramente musical.
Ele recorre a uma comparação com o teatro e diz que o plano sensorial é o mais imediato, este plano estaria representado pela luz, os atores, o cenário, etc. Depois teríamos o lado expressivo, que estaria ligado com as sensações que recebemos: ficamos tristes, melancólicos,etc. E o terceiro esta relacionado com a melodia que ele compara com o enredo, com a historia ou o discurso que é narrado na peça.
Copland diz que o ouvinte tem que identificar a melodia e que ao escutar ele tem que se posicionar dentro e fora da música, julgando-la e desfrutando dela ao mesmo tempo.
                                                                       

Esta aproximação proposta por Copland  é pertinente. Erroneamente escutamos que uma pessoa teria que ter ouvido absoluto para melhorar seu conhecimento musical ou, desde um olhar enciclopedista, nos chegam mensagens aconselhando saber mais sobre música identificando períodos musicais, saber, por exemplo, o que é período Barroco, Romântico, etc.
Estas sugestões do Copland são objetivas e temos que considerar-las  por que poucas vezes encontramos ferramentas praticas para aprimorar o ato da escuta. A indicação do simples fato de reconhecer uma melodia pode nos oferecer esse começo de aprimoramento já que é uma chave orientadora valosíssima..
                                                                            

Agora vou propor um exercício prático: vamos ouvir a Fantasia Numero 3 para flauta solo  de Telemann interpretada por Jean-Pierre Rampal e aplicar estes três momentos de analise  que o Copland propõe: plano sensorial, o plano expressivo e o plano meramente musical. Em outras palavras tornar consciente as impressões gerais, as sensações (tristeza, alegria, etc) e o reconhecimento dos temas (das melodias), a ideia de frase.
Agora alem de identificar a melodia vamos a refletir sobre o ritmo e as seções da música: a Fantasia tem uma parte curta e lenta no começo identificada como “Largo” na partitura que parece indicar uma intenção interrogativa, segue uma parte rápida que na partitura aparece com o nome de “Vivace”, este vivace é um movimento rápido semelhante a uma chuva; tudo isso se repete, uma parte lenta e outra viva e chega ao fim.
Depois temos outro assunto, ou tema que na partitura tem o nome de “Allegro”. Esta melodia é completamente diferente, tem um tom mais festivo e o ritmo nos lembra uma tarantella.

Final.

Com a audição deste exemplo e com a orientação de Copland hoje avançamos um pouco no que seria a iniciação de uma audição aprimorada.
Abraços






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