A seguir, a ideia é mostrar alguns
estilos e idéias que acompanham minha trajetória musical
1 )
O jazz e a música instrumental. 2 )
A música clássica e contemporânea. 3)
A música brasileira e o diálogo com a música
argentina. 4)
A música latina. 5)
O tango. 6)
A música autoral.
O jazz.
Minha relação com o jazz é antiga, escutei desde pequeno big
bands no radio da Argentina, ao longo dos anos fui tendo encontros com discos
ou artistas que me mostraram coisas que realmente me
impressionaram...posso comentar o encontro
com a música “take Five “ como algo que rompe com o que eu estava acostumado a
entender como jazz... o grupo de Dave Bruberk, Paul Desmond (sax), Joe Morello (bateria), Eugene
Wright (baixo) e o Dave Brubeck (piano)
rompem com o compasso de 4 e inclusive me colocam em contato com um tipo
de jazz mais artístico.
Depois a experiência de escutar a Weather Report ao
vivo foi realmente impressionante, eu vivia no subúrbio
de Buenos Aires e não tinha acesso a uma educação musical qualificada nem
contato com experiências musicais transcendentes, mais comecei a freqüentar o
centro urbano de Buenos Aires e a respirar um outro ambiente, isso com 17 anos,
em 1975, na época a música Birdland de Joe Sawinul ganhou uma repercussão mundial e isso
permitiu chegasse a meu ouvidos, inclusive o grupo foi tocar na Argentina e
tive a sorte de assistir ao vivo ao Jaco Pastorius no baixo, Peter Esrkine na
bateria, Wayne Shorter no sax , Joe Sawinul no teclado e o Manolo Badrena na
percussão.
Depois o encontro auditivo
com Chick Corea,Miles Davis, Bill Evans, Pat Metneny , Coltrane...também
foram fascinantes.
Tive varias agrupações de música popular argentina até que
em 1988 viagem ao Brasil onde gravo com Sergio Nacif o primeiro disco do selo
Niterói Discos onde participa Yuri Popoff e Nelson Faria.
No Brasil toquei muita música instrumental (gravei três discos com o grupo Xekerê entre os anos de 1990 ate o 2000) , depois
formei junto com o baixista do Hermeto Pascoal a Itiberê Orquestra Família com
a qual gravamos um disco duplo.
Agora tocar exclusivamente um repertorio de Jazz é algo que
aconteceu nos últimos anos. Esta direção se fez mais intensiva quando
escolhi abraçar diversos projetos no formato de tributos, isto começo com o
tributo a Bill Evans, junto a Bruno Migliari e Dario Galante em 2010.
A partir dali senti que dedicar o repertorio a um artista me
permitia conhecer a obra da pessoa ao
qual era dedicado o repertorio e assim também me familiarizar com a discografia
e os diferentes momentos do artista escolhido.
Nesse caminho porduzi show homenageando a John Coltrane, West
Montgomery, Duke Ellington, a Thelonius Monk, Elvin Jones, Charlie Parker, Miles Davis
, Horace Silver e Billie Holiday.
A concepção do
Jazz
Minha
experiência com o jazz me ensinou que existe o estilo jazz, dentro dele
temos as baladas, as valsas jazz, o swing, o be bop , a misturas como o jazz
latino mais o mais importante é uma postura mais livre para interpretar , uma
atitude onde não tocamos o que esta escrito, remanejamos os ritmos, a harmonia
de tal modo que esse comportamento o podemos aplicar a outros estilos para
alimentar-los.
Esta foi a última formação do grupo Xekerê um projeto que durou 10 anos e que rendeu três discos autorais.
2) A música Clássica.
Nos anos 70 e 80 a educação musical para quem quisesse
estudar bateria era quase nula , na minha época a
pedagogia aplicada a percussão
estava orientada pela leitura, técnica e o repertorio era dirigido para a música clássica.
A música popular se tocava intuitivamente e
se passava por transmissão oral, assim que quando estudei formalmente música, a
partir dos 17 anos, tive uma educação que me orientava mais também teve contato
com obras importantes como “Ionisation” de Edgard Varesse e “la tocata” de
Carlos Chavez entre outras, obras que tinham uma proposta mais de composição do
que de algo mais ritmico.
O desafio final venho logo, a primeira obra
que toquei em uma orquestra sinfônica na minha vida, foi em Buenos Aires, era
um orquestra formada por solistas de várias outras orquestras e em essa ocasião
foi regida pelo maestro Pedro Ignacio
Calderon que foi diretor titular da
orquestra Sinfônica Argentina.
Quem me levou foi meu professor de
percussão, o maestro Antonio Yepez, a obra era Scherezade de Rimsky Korsakov, toquei caixa e a caixa dessa obra é considerada uma das mais
difíceis do repertorio sinfônico.
Essa obra ficou marcada ao ponto de eu
retomar ela e inclusive recentemente gravamos um dos movimentos num arranjo
para piano e bateria com o pianista Tibor Fittel .
Em 1999 conheci a Odette Ernest Dias e com ela decidimos formar um duo de flauta e bateria, esse duo
durou 10 anos e com ela tocamos as
Fantasias de Telemann, a Suite em Si menor de Bach, obras de compositores como
Jolivet e inclusive outras compostas especialmente para o duo de caráter mais
contemporâneo.
Outra experiência que gosto de fazer é a de
misturar o comportamento popular e clássico....para isso formei uma banda
chamada Jazz in Câmara com a qual
tocamos músicas brasileiras populares ou não mais com uma atitude de
conciliação dos dois conceitos.
O grupo era formado por Ana de Olveira
(violino), Tony Botelho ( contrabaixo), Tomás Improta (piano) e eu na
bateria...
Anos atrás (2011) formamos um projeto
interessante com a Heloisa Fischer (
produtora do Viva música) , Edu Krieger, Marcelo Caldi e Carlos Prazeres...se
formou uma pequena orquestra de uns 15 músicos com repertorio de música
clássica em tom carnavalesco chamada
Feitiço do Vila.
Aqui a foto...
Atualmente estou realizando um novo dua dedicado agora á música clássica brasileira: Radamés Ganatallli, Cláudio Santoro, se trata de um duo de piano e bateria junto com Fernanda Canaud.
3) A música brasileira
Minha experiência auditiva com a música
brasileira foi desde criança, Vinicius de Moraes morou em Buenos Aires nos anos
70 e assim conheci a Bossa Nova, Tom Jobim, Chico Buarque e mais tarde Hermeto
Pascoal, Egberto Gismonti, os diferentes ritmos , os estilos.
Minha viagem a Brasil foi inclusive
provocada porque minha vivencia em Buenos Aires naquela época o músico popular
era valorizado pelo seu virtuosismo e a relação com a música clássica me
parecia artificial por um excesso de quantificação na relação entre a escrita e
a interpretação.
Eu tinha tido uma experiência com a metodologia da Berklee e tinha rechaçado ela por que apontava basicamente a uma serie de exercícios técnicos de aprimoramento mais eu precisava ainda desenvolver a musicalidade.
Eu tinha tido uma experiência com a metodologia da Berklee e tinha rechaçado ela por que apontava basicamente a uma serie de exercícios técnicos de aprimoramento mais eu precisava ainda desenvolver a musicalidade.
Como turista conheci o Rio e nesse contato olhava a relação dos músicos de
chorinho ou de Samba com a música e pensei que em contato com essa experiência
poderia crescer artisticamente.
De modo paralelo tinha assistido a um show
de Hermeto Pascoal no teatro em Buenos Aires e toda aquela liberdade.
A convite do Conservatório Brasileiro de
música tive a oportunidade de dar aulas formalmente e acabei me decidindo a
morar no Brasil, me radiquei no Rio e na época não existia um estudo formal dos
ritmos brasileiros assim que tive que fazer a experiência de assistir, observar
e fazer o processo de aprendizado dentro da
conceição da tradição oral, freqüentar os lugares, conhecer as pessoas e
ir naturalmente tendo uma relação orgânica com esta música.
Conheço desde a música clássica brasileira,
Villa lobos, Gerra Peixe, Claudio Santoro até sambistas como Cartola, Serginho
Merity (com quem teve o prazer de tocar), música instrumental, música ancestral
(candomblé, jongo, bumba meu boi, Escola de Samba), Choro, maxixe, tudo.
seguindo com o diálogo entre as culturas no começo de 2014 tocamos com Daniel
Binelli , Juan Pablo Navarro, Américo Belloto e Abel Rogantini na Argentina a música “Naquele Tempo” de Pixinguinha....
Hoje em dia toco no Rio um projeto com obras
de Edu Lobo e em Buenos Aires tocamos também o repertorio brasileiro com
artistas locais que amam e conhecem Jobim, Gismonti, Hermeto,etc.
No final de 2014 realizamos um show no Café Vinilo no bairro de Palermo na capital da Argentina.
Os músicos são Abel Rogantini no piano,
Américo Belloto no trompete e Diego Waigner no contrabaixo .
Dentro de este tema que é a música brasileira tem um espaço muito importante para mim o que chamo de "música ancestral",
Estudei ritmos usados nas cerimonias do Candomblé e toquei estes ritmos junto a pessoas como Nei de Oxosse e seu pai seu Erenilton formamos um grupo de música dedicado ao Afoxê chamado filhos de Korim Efã, estudei e escrevi artigos exaltando toda esta cultura e hoje reconheço a importância de toda esta riqueza presente na música brasilieita, latina e no jazz.
4) A Música Latina.
Conheço a música latina também desde
criança e o fato de ter certo sotaque me ajudou no Brasil para ter um ponto de
diferenciação com os músicos locais.
Tive vários projetos nos quais inclui
música cubana tradicional, Salsa e Latin
Jazz.
Durante quatro anos teve uma pequena
orquestra de 9 músicos tocando música latina na Lapa que se chamou
Rio-Latin-Jazz.
Aqui um vídeo de um show ao vivo no Circo
Voador.
Outro projeto que tive importante foi o
Latin-Jazz –Ensemble junto a Paulo Russo, Marcelo Martins, Arimateia entre
outros.
Com este grupo tocamos no Festival
internacional de Embrach na Suíça.
Recentemente com a cantora pernambucana
Ceci Medeiros realizamos o espetáculo
“Boleros” no Rio de Janeiro.
Meus estudos de música cubana, uruguaia e argentina me permitem realizar work-shops e palestras no Brasil e alimentar o meu repertorio de ideias na hora de interagir com músicos de jazz no meus shows no Rio.
5) O Tango.
Também desde criança que escuto tangos,
teve alguns projetos na argentina toquei sempre tango mais interrompi durante
anos para me dedicar a conhecer a música brasileira.
Desde uns anos atrás comecei a incorporar
músicas de Piazzolla no repertorio do duo com a Odette (os “estudos
tanguisticos- para flauta solo)
Até que em
2010 criei o projeto “Tango Negro”
O projeto mistura ritmos brasileiros e ritmos do tango e
fundamentalmente dedica seu repertorio ao Astor Piazzolla.
Te mais 4 formações importantes nestes
últimos anos.
Tocando com o contrabaixista Pablo Aslan no
Rio, tocando com Daniel Binelli e Juan Pablo Navarro em Buenos Aires, com Tibor
Fittel no Festival Internacional do CCBB em 2013 e no centenário de Troilo interpretando a Suite Troilenana.
6) Música autoral
Desde 1985 compondo, primeiro de forma intuitiva e a partir do ano 2000 de forma mais consciente da harmonia , da escrita .
São mais de 200 em total, que refletem justamente toda esta multiplicidade de culturas que hoje estou comentando.
Como influencias Tom Jobim, Piazzolla, o Jazz algumas delas foram gravadas num disco chamado ' Coletânea " , outras tocadas ao vivo em diferentes formações pelos palcos do Brasil e Argentina.
6) Música autoral
Desde 1985 compondo, primeiro de forma intuitiva e a partir do ano 2000 de forma mais consciente da harmonia , da escrita .
São mais de 200 em total, que refletem justamente toda esta multiplicidade de culturas que hoje estou comentando.
Como influencias Tom Jobim, Piazzolla, o Jazz algumas delas foram gravadas num disco chamado ' Coletânea " , outras tocadas ao vivo em diferentes formações pelos palcos do Brasil e Argentina.